Vender dados pessoais pela íris é aceitável? Saiba o que é a Worldcoin
A recolha de dados pessoais da íris pela Worldcoin foi já suspensa em Portugal pela Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD), após queixas de recolha de dados de menores, sem autorização dos pais. Mas afinal, o que é a Worldcoin e o que se ganhou em troca? A transação é aceitável? Perceba tudo em seguida.
Worldcoin: O que ganho com a entrega dos meus dados pessoais?
A Worldcoin é uma multinacional cofundada pelo fundador da Open AI, a mesma empresa que criou o ChatGPT, e que tem em Portugal centenas de pessoas a trabalhar para recolher dados pessoais, devolvendo cripto moedas que são convertíveis em dinheiro na conta bancária.
Ainda que esteja agora suspensa, as pessoas foram aderido cada vez mais a esta troca de dados por moedas virtuais, dirigindo-se aos balcões orb instalados (aparelhos que recolhem através de bolas de cristal imagens da íris e rosto das pessoas).
No entanto, a Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD), que investiga a atividade da Worldcoin desde 2023, foi manifestando as suas reservas relativamente a esta ação alertando para os riscos da venda de dados pessoais, nomeadamente a usurpação de identidade, tendo agora conseguido a sua suspensão após queixas de recolha de dados de menores sem os pais autorizarem.
De acordo com a presidente da CNPD, Paula Meira Lourenço, os direitos fundamentais como o direito à proteção de dados pessoais não são bens transacionáveis.
Pelo que “não é aceitável a remuneração dos dados pessoais”, uma vez que “o direito à proteção de dados pessoais é um direito fundamental”, explica Paula Meira Lourenço, citada pelo Notícias ao Minuto.
A presidente da CNPD explica ainda que a decisão de vender dados biométricos através da leitura da íris em troca de cripto moedas tem riscos, pelo que “só através da autodeterminação informacional se pode garantir a capacidade de decidir" se consentem o seu tratamento. É “imprescindível que se façam escolhas conscientes, devidamente informadas quanto aos riscos que tal pode acarretar”, pode ainda ler-se na notícia.
Quais os riscos associados a esta troca?
A líder alerta ainda para o facto de que estes concursos, com prémios em troca da recolha de dados, sempre existiram, e as pessoas “até dão não apenas os seus dados pessoais, como os dados dos seus filhos e até dos amigos, para no final ir ganhar um cupão, uma amostra de perfume, ou outros prémios simbólicos.... Todos os dias nos confrontamos com isso", cita a notícia.
O problema começa quando a apropriação de dados pessoais permite preparar ciberataques com maior eficácia, captando palavras-passe ou outras informações de autenticação, permitindo outros ataques. Então, o acesso a ainda mais informação permite ao atacante usurpar a identidade e adquirir produtos e serviços no nome da pessoa para ganhos financeiros.
Além disso, os dados podem ainda vir a ser utilizados mais tarde na tentativa de outros crimes, como furto de identidade e burlas, o que leva a CNPD a aconselhar que não se forneça mais dados que os adequados e necessários, garantindo que o responsável pelo tratamento dos dados respeite o princípio da minimização dos dados, de acordo com o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD) da União Europeia.
“As Autoridades de proteção de dados desempenham o seu papel de fiscalização e de controlo, mas não se podem substituir aos titulares dos dados quanto a certas opções, porquanto isso significaria retirar-lhes a autodeterminação que o RGPD lhes conferiu”, cita ainda a notícia a presidente da Comissão.
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